Carpina, uma cidade quase sem memória.



        Carpina é considerada a capital da Mata Norte. É nítido e notório que o crescimento dela acontece a cada dia com um comércio forte, com um grande número de bancos, com escolas, escolas particulares, escolas do estado, do município. Carpina representa para a Mata Norte uma capital, assim como Caruaru representa como a capital para a sua região, Petrolina para a sua região, Feira de Santana na Bahia para a sua região. Assim também é a Carpina. Mas hoje eu estava me lembrando de anos atrás com minhas filhas pequenas quando o trem cortava a nossa cidade que ainda não tem a pujança que tem hoje, mas os trilhos estão aí de provas. E que saudade bateu quando minhas filhas ficavam entusiasmadas ao ouvir o apito do trem e queriam ver o trem passar. Quando olho de uma estação ferroviária que encontra-se totalmente abandonada no centro da cidade. Ah, quantas lembranças me vem à mente. E ao mesmo tempo também bate uma tristeza muito grande, porque o espaço daquele poderia ser aproveitado como centro cultural, já que o governo federal, repassou para a prefeitura municipal aquela localidade. E isso aconteceu desde o tempo em que o prefeito era Carlinhos do Moinho, fato esse que me foi confidenciado pelo meu amigo doutor Antero Mota, que fazia parte da gestão. É triste nós olharmos para a nossa querida cidade e não encontrarmos mais o Lenhadores de tantos eventos e festas, onde as famílias carpinenses se reuniam. Quem não tem saudade do Lenhadores, quem não se lembra do colonial, outro clube também que não existe mais, contamos com a resistência dos espanadores que permanecem em pé pela garra da diretoria. E o pior de tudo, meus amigos, é que nós não notamos de anos para cá nenhum tipo de ação por parte dos secretários que passaram na Secretaria de Cultura para trazer de volta as boas lembranças de Carpina. Nem o museu conseguiram reabrir, nem o museu está fechado há anos. Isso é muito ruim, porque o nosso povo vai perdendo a identidade com a nossa querida cidade. Muitos não sabem, mas o nome da rua da Avenida Chateaubriand acontece porque Assis Chateaubriand, fundador dos Diários Associados, um dos jornalistas mais premiados de todos os tempos no Brasil, fundador do Diário de Pernambuco, ele veio morar em Carpina por causa do clima agradável de Carpina, já que somos um planalto, e morou na nossa cidade. Mas se perguntarmos ao secretário de cultura, a quem for, ou a qualquer jovem, você sabe quem foi a Assis Chateaubriand? Você sabe onde ele morou aqui em Carpina? Ninguém vai saber. Por quê? Porque parece não ser do interesse dos gestores científicos que o povo tem uma cultura aquinhoada, uma cultura que faça com que se respeite essa terra que tanto amamos. Morte e Vida Severina. Quem nunca ouviu falar nesse livro que até hoje marca a vida de muita gente? Luiz Cabral, de Melo Neto, morou também aqui em Carpina, mas pouquíssima gente sabe disso. Infelizmente, estamos vivendo épocas onde a nossa juventude sabe mais do Big Brother do que da história da nossa cidade. Recentemente perguntei a um jovem se o Mesmo sabia cantar o hino de Carpina, e ele sem cerimônia disse eu não sei o que é deveras lamentável. A nossa esperança, e eu particularmente deposito essa esperança, que nos próximos anos, com uma gestão puramente carpinense, com uma gestão comprometida com o bem-estar social, cultural da nossa cidade, possamos resgatar a nossa história, que é tão bonita. Ainda não somos uma cidade centenária, mas já somos a maior cidade da região. Carpina cresce por gravidades, independente de quem seja o prefeito, embora nós tenhamos a certeza de que, nas próximas eleições, será eleito Dr. Joaquim Lapa, que conhece cada rua dessas cidades, que conhece todas as vielas, pois o Mesmo fez a maior revolução social em toda a história de Carpina, no plano habitacional. Não que tenha sido perfeito, porque todos os prefeitos que aqui passaram deixaram algum legado, não tenham dúvidas disso, tiveram acertos e defeitos. Mas hoje nós entendemos que, com a experiência que Joaquim Lapa tem, a vida cultural da nossa cidade voltará à sua efervescência. Carpina não pode continuar sem memórias. Carpina precisa resgatar a sua história. Viva Carpina, a floresta dos leões. Carpina, nós te amamos.

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