Infelizmente, essa é a grande realidade da maior parte das cidades do estado de Pernambuco e do Nordeste. Por que não dizer também do Norte? Já no Sul e no Centro do Sudeste, a situação melhora um pouco.
Mas é uma tristeza ver cidades como Carpina, Paudalho, Lagoa do Carro, Timbaúba e Vicência, todas na Mata Norte de Pernambuco, onde os prefeitos se preocupam com calçamentos—e, diga-se de passagem, na maioria das vezes, calçamentos de péssima qualidade. Todos sabemos que os maiores trambiques e desvios de dinheiro estão justamente nessas licitações de calçamento. Enquanto isso, o saneamento básico é negligenciado.
Sabe por quê? Porque o saneamento básico fica sob a terra, ninguém vê. Mas nós sabemos, muitos sabem, e eles sabem que uma cidade saneada e um povo com saneamento básico representam uma cidade com saúde e prosperidade. No entanto, esses governantes não estão preocupados com isso. Eles querem calçar ruas, muitas vezes utilizando empresas "laranjas" para vencer licitações. Por trás dessas contratações, quem leva a maior fatia do bolo pode ser uma empresa ligada a um político ou até mesmo ao prefeito—caso ele seja engenheiro e tenha uma construtora. Assim funciona o sistema.
Na semana passada, aqui em Carpina, foi autorizada a pavimentação de cinco ruas nas Três Marias. Não que o povo das Três Marias não mereça. Merece, e merece muito mais. Mas não se falou em saneamento básico.
A várzea das Três Marias é um dos lugares onde o povo mais sofre, principalmente no período de chuvas. Quando não há chuva, os buracos e verdadeiras crateras no chão se tornam os grandes inimigos da população. A falta de saneamento básico é evidente. Existem ruas onde a ambulância do SAMU não consegue entrar, forçando os moradores a carregar doentes em cadeiras até alcançar o veículo de emergência.
É o que eu digo: a saga continua. As cidades recebem novos prefeitos, mas não se vê compromisso com o saneamento básico, que é saúde pública e funciona.
Para concluir, quero relembrar algo que um ex-prefeito de uma das cidades próximas me disse. Ele tinha uma verba disponível em Brasília para calçamento, mas preferiu esperar por recursos destinados ao saneamento básico antes de utilizar a verba para pavimentação. Uma atitude louvável desse ex-prefeito da região. Quem dera todos tivessem a mesma postura!
Mas, infelizmente, o que acontece é o contrário. Os governantes promovem festas para inauguração de calçamentos, enquanto os esgotos continuam correndo a céu aberto pelas ruas das cidades. E assim seguimos: entra prefeito, sai prefeito, e a saga continua—calçamentos sem saneamento.
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