Radialista Hildebrando Marques deixa saudades

Marelli, gigante das autopeças, e fornecedora de Stellantis e Nissan, vai à falência após rombo bilionário e pressão de tarifas internacionais

 

O colapso de uma das principais fornecedoras globais da indústria automotiva acendeu um novo sinal de alerta sobre os impactos acumulados das tarifas comerciais, da pandemia e da corrida pela eletrificação.

A Marelli, responsável por componentes como sistemas de iluminação e eletrônicos para montadoras como Nissan, Jeep e outras marcas do grupo Stellantis, entrou com um pedido de proteção contra falência após ver sua dívida atingir a casa dos US$ 5 bilhões.

Com mais de 40 mil funcionários espalhados pelo mundo, a empresa enfrenta há anos uma sequência de perdas financeiras e dificuldades operacionais.

Formada em 2019 a partir da fusão entre uma fornecedora japonesa e uma antiga divisão da Fiat Chrysler adquirida pelo fundo KKR, a Marelli apostou alto na adaptação para o futuro elétrico da indústria. Mas os ventos mudaram rapidamente.

De acordo com o CEO David Slump, a empresa já vinha fragilizada desde a pandemia de Covid-19, que afetou a obtenção de matérias-primas, limitou mão de obra e pressionou os custos de produção.

No entanto, o estopim para o pedido de falência teria sido o novo pacote tarifário da administração Trump, que impôs pesadas taxas sobre veículos e peças importadas, atingindo em cheio empresas com atuação global como a Marelli.

Em uma declaração à Justiça, Slump foi enfático ao afirmar que as tarifas foram devastadoras para um negócio que depende do fluxo constante de importação e exportação.

Com uma estrutura operacional baseada em diversos países, a empresa se viu sufocada por novas barreiras comerciais ao mesmo tempo em que a demanda por veículos elétricos começou a esfriar, obrigando montadoras como Ford e GM a reverem seus planos e reduzirem encomendas.

A reestruturação proposta pela Marelli conta com o apoio de mais de 80% de seus credores seniores e prevê que parte das dívidas seja convertida em 100% do capital da empresa reorganizada.

Com isso, a empresa espera levantar mais de US$ 1 bilhão em novos recursos para tentar manter suas operações e reformular sua estrutura.

A queda da Marelli escancara um problema maior: a instabilidade que muitos fornecedores enfrentam diante da transição elétrica, das oscilações da demanda e das decisões políticas que afetam profundamente cadeias produtivas globais.

Num cenário em que montadoras se adaptam lentamente aos desejos dos consumidores e aos desafios logísticos, empresas como a Marelli ficam expostas, sem margem para erros ou fôlego para sobreviver a choques consecutivos.

Apoio: Petrônio Lucas

Fonte: https://www.noticiasautomotivas.com.br/

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